[2020] A resiliência material do "eu"

 A resiliência material do “eu”

 Andrews Jobim

 

1. Continuidade:

Este breve ensaio não marca um início. Expressa a continuidade de um pensamento que surge como todas as demais coisas: pela convergência de linhas diversas sob a forma de uma singularidade. Este pensamento, que surgiu como tudo o mais, quer pensar justamente o surgimento de tudo, essa singularização que dá sentido a tudo. Seu foco principal é um problema fundamental da experiência humana, pois ao pensar sobre o surgimento das coisas, também poderá dar uma resposta ao problema da sua duração. O tempo – eis uma questão que assombra a filosofia há milênios, tendo sido contornada das mais diversas formas. Talvez não tanto pelo rigor filosófico quanto pela angústia que inspira.

É o tempo que marca as diferenciações que o espaço produz. O antes, o agora e o depois só surgem quando postos em uma perspectiva temporal. Fora desta há apenas o inalcançável momento de atualização sob a forma do instante, que ao ser pensado passa a ser um instante passado, observado a partir de um novo instante. Essa fluidez incontrolável coloca em questão a identidade de todas as coisas, pois indica como fundamento do real um infinito movimento de agregação e desagregação de singularidades. Não à toa Heráclito de Éfeso ter afirmado que não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, uma vez que ao entrar novamente seria uma nova pessoa em contato com novas águas.

No entanto, a primeira vista pode soar impossível habitarmos uma realidade estruturada dessa forma, orientada pela contingência da diferença em vez da necessidade da identidade. Sua inconstância é angustiante demais para suportarmos. É por isso que o ser humano parece estar sempre se desviando desse fluxo, seja sob a forma de uma desaceleração ou de uma negação. Pois afirma que é preciso fazer isso para que o pensamento possa pensar com estabilidade as coisas do mundo. Investe, dessa forma, na construção de ideias universais, princípios imutáveis que não se deslocam no tempo, pois servem de modelo ideal à inteligibilidade.

Isso acaba servindo tanto para pensar os objetos (a grande justificativa dada), quanto para pensar o próprio sujeito (o que talvez seja o mais importante motivo da parada do movimento). Pois assim como o movimento de diferenciação da realidade constitui as coisas, que são inteligidas através dos conceitos, constitui também o sujeito, nós, seres humanos que olhamos para essas coisas e para nós mesmos. Portanto, quão desconfortante pode ser pensar que não sou necessariamente aquilo que acredito ser? Que tudo que posso entender pela palavra “eu”, é apenas a singularização de forças diversas em um instante? Que sou apenas mais uma singularidade que se efetiva e permanece em constante movimento?

Assim, para além de uma questão de inteligibilidade, o que e como as coisas são no tempo, temos também uma preocupação prática (ética), do que devemos ser e como ser no tempo. Essas duas questões parecem articular o eixo de uma questão existencial, que se preocupa com a não desagregação pela contingência do “eu”, bem como com sua plena realização. Sobre esse terreno parece brotar o conceito de resiliência, como a capacidade de se adaptar e resistir à contingência, a esse fluxo em movimento.

2. Uma repetição:

Essa questão não é nova, tendo sido mais ou menos explicitada ao longo da história do pensamento. Poucos, no entanto, a colocaram de maneira tão explícita. Um desses casos é o do filósofo helenístico Epicuro de Samos (341 – 270 a. C), que teria compreendido o movimento de criação e recriação do mundo através de uma perspectiva materialista, buscando fundar uma ética na serenidade e no prazer. Em outras palavras, Epicuro buscava a felicidade plena, que não seria afetada pelas perturbações e temores da vida humana, oriundos do contingente processo de atualização do real. Acreditava que a realização dessa felicidade seria consequência da libertação de crenças infundadas e do exercício do autodomínio. Para ele seria possível habitar de forma alegre a imanência, bastaria apenas reconhecer e se adequar aos elementos e movimentos do mundo. Para isso, estrutura um plano filosófico em três níveis: lógico, como fundamental, permite distinguir as crenças falsas das verdadeiras; físico, que a partir do plano lógico, permite mostrar a verdadeira estrutura do real, da qual o ser humano faz parte; e ético, no qual o ser humano pode vislumbrar e seguir o caminho da verdadeira felicidade, através das crenças verdadeiras e do reconhecimento de sua constituição e participação no todo do real.

Na constituição do primeiro plano está o pensamento empirista, isto é, de que todo o conhecimento se origina da experiência sensível. A experimentação assume papel fundamental para descobrir o ser das coisas e preservá-lo no sujeito sob a forma de conceitos. Estes nos permitiriam antecipar a presença das coisas, além de classificar suas ocorrências e variações possíveis (JOYAU, 1985). A partir de um número razoável de conceitos seria possível a formulação de juízos, os quais teriam sua verificação de verdade pela correspondência aos fenômenos que descrevem, ou pela não contradição com outros dados fornecidos pelos sentidos. Não é preciso supor que para Epicuro, os dados dos sentidos são sempre verdadeiros.

A partir deste primeiro plano, Epicuro justifica sua explicação do real pela via do atomismo1. Uma vez que os sentidos revelam o movimento da realidade, não haveria contradição com a explicação racional dos átomos como constituintes do mundo. Dessa forma, afirma como características desses a indivisibilidade, a infinitude em número, o tamanho microscópico, o automovimento, além de variações na forma, tamanho, posição e peso (JOYAU, 1985). Talvez pela experiência de olhar a queda dos corpos, e da visão de um meio menos denso no céu e mais denso no solo, Epicuro aceita a tese de que os átomos estariam sempre em queda. Racionalmente, afirma que a queda se deve ao peso que possuem e por sempre situarem-se no vazio.

No entanto, se o mundo fosse apenas constituído dessa forma, cairíamos num determinismo, uma vez que o vazio geraria somente trajetórias paralelas (REALE; ANTISERI, 2004). Também a experiência é decisiva nesse momento: como somos também constituídos por átomos em queda, e experimentamos a vontade livre, é preciso que exista alguma forma de romper com a necessária mecânica da física para introduzir o contingente da liberdade. A resolução deste problema estaria na noção de desvio.

É a possibilidade do desvio que viabiliza a libertação humana da necessidade da natureza. É a afirmação de uma vontade capaz de alterar o curso das coisas e gerar choques imprevisíveis. Somente pelo desvio é que se pode falar em liberdade, e somente por esta é que faz sentido falarmos em ética e em felicidade. Em poucas palavras, a verdadeira felicidade nasce da liberdade. Dessa forma, alcançamos o terceiro plano sobreposto do epicurismo, a saber, o do caminho de libertação do ser humano que o conduz à felicidade. É aqui que Epicuro oferece um remédio (phármakon) aos sofrimentos da condição humana. Remédio este complexo, composto de quatro partes – o tetraphármakon.

A primeira parte é a libertação do medo dos deuses. Estes, em sua perfeição, estariam acima das imperfeições da vida terrena, além de toda experiência possível e consequente juízo que possa ser emitido sobre eles. Sendo plenamente felizes, os deuses não são afetados por nada que seja imperfeito, portanto não faria sentido a adoração servil e temerosa, dado não haver interesse deles sobre nós (EPICURO, 1985).

A segunda parte do remédio é a libertação do medo da morte. Se o ser humano é constituído de átomos em movimento como todo o mundo, a morte é apenas a dissociação dos átomos que nos compõem. Não deveria causar medo, uma vez que é sempre inalcançável por nós: quando existe a morte, não existe o ser humano; e enquanto este existir, aquela não existirá (EPICURO, 1985).

A terceira parte do remédio é a libertação dos prazeres que não conduzem à felicidade. Enquanto integrado ao mundo, o ser humano está suscetível à suas leis. Ou seja, assim como os animais, o ser humano pauta sua vida na busca do prazer e na fuga da dor. Para Epicuro os prazeres são corpóreos, uma vez que tudo é constituído materialmente (inclusive a alma humana). Portanto, entende o conceito de felicidade a partir de uma perspectiva hedonista, isto é, vinculado-a à maximização do prazer e a fuga da dor.

No entanto, a felicidade não está no entregar-se à imediata satisfação dos desejos (prazer do movimento), mas habitar um estado de ausência de sofrimento e imperturbabilidade (prazer da imobilidade). Pois sendo os prazeres imediatos fugazes, conduziriam ao sofrimento antes e depois de sua realização, cobrando a constante repetição. Logo, é preciso julgar adequadamente entre os prazeres que não levem ao sofrimento. Para isso, Epicuro defendia uma hierarquia dos prazeres: (1) naturais e necessários, os quais devem ser sempre desejados; (2) naturais e não-necessários, devendo ser eventualmente desejados; (3) não-naturais e não-necessários, os quais nunca devem ser desejados. Ou seja, é pelo autodomínio e pela autossuficiência, que o ser humano pode alcançar um estado de serenidade apesar das circunstâncias.

Nessa mesma direção vai a última parte do remédio quádruplo: a libertação do sofrimento pelas dores. Esta é fundamental para a imperturbabilidade do indivíduo, pois não alcança a plena imobilidade a alma que é agitada pelo sofrimento da possibilidade da dor, presente ou futura.

Assim como a escolha dos prazeres que conduzem à imperturbabilidade, a libertação do sofrimento pelas dores é resultado do autodomínio. É através da liberdade que o indivíduo pode pesar as dores que podem levar à felicidade e as supostas dores que não deveriam causar qualquer sofrimento. Esse modo de pensar não toma a dor como má em si, mas como expressão de uma desordem dos átomos que compõem o indivíduo. Também não se trata de fugir, mas de aceitar e aprender a conviver com a dor. Cabe a cada um avaliar suas desordens e reconhecer suas próprias possibilidades.

Para isso, Epicuro oferece uma forma de pensar a dor que visa a libertar do sofrimento que esta invoca. Defende que não devemos nos preocupar com a dor presente ou futura, uma vez que se sofrermos de uma dor leve, podemos lidar com ela através das lembranças de prazeres passados ou pela expectativa de prazeres futuros; porém se sofrermos uma dor pesada, o conforto virá pela dupla esperança de que, ou dure muito pouco e passe, ou em pouco tempo leve à morte (EPICURO, 1985).

É dessa forma que se completa o remédio quádruplo de Epicuro. Uma exemplar tentativa de amenizar o sofrimento humano sem desacelerar o movimento de criação e recriação do real. Parte da ativa ordenação do pensamento à percepção do mundo, para afirmar que se o ser humano não é escravo do movimento dos átomos, também não o será do sofrimento que pode acompanhar esse movimento. Cabe ao ser humano se valer de sua liberdade para buscar a tranquilidade e feliz passividade à natureza.

3. Alguns impasses:

Mas será realmente esse o caminho da boa vida, apostar numa resiliência intransigente e reativa, que busca afirmar um “eu” pela fuga de determinadas experiências com o mundo? Não será essa uma via radical demais? Se o ser humano tem a possibilidade de gerar o “desvio” que o liberta de um possível determinismo mecânico da natureza, por que a verdadeira felicidade se encontra em limitar a liberdade à mera satisfação das necessidades biológicas? O risco do sofrimento é tanto, que não compensa exercer a possibilidade criadora para uma realização humana ainda maior? E se todo o real é material, inclusive a alma e a própria felicidade, não é próprio desta também o perecimento?

Temos de lembrar que é próprio do remédio (phármakon) o caráter paradoxal da possibilidade de cura e morte. E que, portanto, tanto uma pequena dose pode não trazer a saúde, quanto uma dose exagerada pode gerar a destruição (KOHAN, 2012). O que Epicuro oferece é um remédio que permitiria ao ser humano persistir serenamente em sua vida apesar das adversidades. No entanto, parece que seu remédio esvazia o que há de propriamente humano no indivíduo, equiparando-o, em última instância a um animal qualquer. Não que haja uma superioridade (ou maior desenvolvimento) do ser humano em relação aos demais animais, mas se possui as características específicas que lhe são atribuídas, é estranho que não as deva exercer plenamente para ser feliz. Um cachorro não parece se preocupar com prazeres não-naturais e não-necessários, e não parece ter precisado de plano filosófico para aprender isso.

Temos de ter em mente que as respostas de Epicuro aos males da vida humana estão situadas em um contexto de pouca participação política (JOYAU, 1985) e de grande sofrimento físico (LAERTIOS, 2008). Estes são alguns dos elementos não-filosóficos que parecem operar como condição interna do plano filosófico que propõe Epicuro (valendo-se aqui da terminologia de Deleuze e Guattari).

O fato é que, por conta das mudanças políticas impostas ao mundo grego em função de sua conquista pela Macedônia, o cidadão grego perde sua autonomia e participação política -- os grandes ideias da formação individual. O pensamento lógico, que durante o movimento sofístico fora impulsionado à vida política, rapidamente se vê expulso desta pela ideia do império. Não cabia mais aos cidadãos a deliberação racional (e imanente) sobre o futuro da pólis; quem decidia agora era a figura transcendente do imperador. Portanto, há uma virada do pensamento voltado à ação política, para o horizonte da realização pessoal, uma vez que, pela incapacidade de plena realização na coletividade, a saída é buscar na interioridade. A questão ética assume papel central na reflexão de grande parte dos filósofos do período helenístico (JOYAU, 1985). Porém, um tanto deslocada da discussão política, assume um caráter mais universalista (principalmente para o epicurismo), dando a possibilidade de plena realização a homens ou mulheres, livres ou escravos, uma vez que a ideia do império tende a achatar as diferenças. Assim, um dos elementos não-filosóficos que parece estar à base do epicurismo é a impossibilidade de uma plena ação política.

O outro elemento é o sofrimento físico de Epicuro por conta de sua doença, que inclusive o teria levado à morte. É fato conhecido que sofria de pedras nos rins, o que constantemente lhe causava fortes dores. Como exemplo de coerência, teria lidado com as crises de dores tal como prescrevia aos amigos, com a inabalável serenidade do pleno autodomínio (LAERTIOS, 2008). No entanto, talvez tenha tirado dessas crises a ideia estreita de que a ausência de dor é o verdadeiro prazer, e de que o sofrimento deve ser a todo custo evitado. Por mais que o movimento de desagregação seja aceito sem maiores problemas em suas considerações sobre os elementos constituintes do real, quando esse é pensado no âmbito da ética, se torna imediatamente problemático, devendo ser evitado a todo custo. Nesse sentido, quando confrontado com o sofrimento imediato da condição humana, Epicuro aposta numa perspectiva ascética que, pretendendo ser apoiada na natureza, se revela anti-natural. Assim, por mais que os epicuristas se afirmassem como corajosos, por enfrentarem o sofrimento sem os temores que lhe acompanham, acabavam se afirmando covardes (ou “decadentes”, nas palavras de Nietzsche) por pretender resolver os problemas da vida através da negação da própria vida.

4. Uma diferença:

Se considerarmos que possa ter havido um excesso na indicação da dose do remédio de Epicuro, talvez se abra uma outra possibilidade de pensar a felicidade. Uma possibilidade em que a resiliência não é entendida como uma tentativa de negação do sofrimento, mas como a persistência nas singularidades daquilo que é diferente. Ou seja, uma forma de pensar que leve em consideração as diferenças que compõe cada indivíduo, as quais são irredutíveis a modelos universais. Diferenças estas que não compõem um indivíduo estático, mas algo dinâmico, que segue produzindo a diferença de si constantemente. Pois tanto somos resultado dos movimentos de agregação dos átomos, quanto dos movimentos de permanência molecular e futura desagregação (permanecendo ainda no plano filosófico de Epicuro). Em outras palavras, se abre a possibilidade de pensar uma existência não-reativa à contingência, que se propõe a habitá-la, em vez de combater a angústia que essa gera pela sua incerteza e impermanência.

Essa possibilidade parte do reconhecimento da própria finitude como um aspecto incontornável. Aceita que certas pretensões encontram-se além de nossas possibilidades, mas busca assumir de forma plena as que estão ao alcance. Visa considerar as possibilidades humanas de forma a enriquecer a vida, não a esvaziar e reduzir por medo das adversidades, uma vez que reconhece também o sofrimento como natural (até em função do processo de declinação próprio das coisas do mundo). Propõe que prestemos mais atenção à nossa existência concreta, tentando garantir a felicidade a partir de suas possibilidades imanentes, sem apelar para o transcendente.

No entanto, essa possibilidade não parte da inteira rejeição da solução quádrupla de Epicuro. Ao contrário, a ideia é repensar a dose, dado que seus ensinamentos podem servir à existência que se propõe a habitar a imanência. Tanto isso parece adequado que só mereceria crítica nesse sentido a terceira parte do tretaphármakon, a da libertação dos prazeres que não conduzem à felicidade.

Primeiramente porque determina um sentido único para a vida do indivíduo. A perspectiva hedonista de Epicuro, ao tentar situar o ser humano no todo do mundo, equipara-o aos animais, afirmando que assim como estes, busca o prazer e foge da dor (o que não parece problemático). No entanto, o autor limita as possibilidades da liberdade humana a esta chave binária, que teria como absoluta realização a felicidade, ignorando todas as possibilidades de autocriação garantidas pela ideia do desvio.

Isso leva à segunda crítica possível, a de definir um uso ‘correto’ da liberdade que sujeita o indivíduo a uma natureza ‘apequenadora’. Apesar de reconhecer as possibilidades humanas de geração de movimento, Epicuro afirma que a máxima sabedoria é não criar movimento algum. Em vez de prescrever que o ser humano habite o fluxo de energias que percebe ao seu redor, sugere que este permaneça imóvel, numa tentativa desesperada de não sofrer. Prende-se ao básico para a sustentação biológica e ignora outras possibilidades próprias da natureza humana.

O que nos conduz à terceira crítica possível, a da definição do que seria natural e necessário à existência humana, uma vez que é preciso ensinar ao indivíduo como ‘apequenar-se’. Considerando que não é possível que o ser humano permaneça imperturbável no mundo, é preciso que realize um mínimo de movimento. Este mínimo é o que Epicuro sugere ser o natural e o necessário. Não bastando o apequenamento pela negação do movimento, o ideal é que esta se dê pela negação das próprias possibilidades da liberdade humana. Mas quem sabe o que é necessário ou natural para o outro? Como é possível prever isso quando se reconhece a diferença como aspecto mais próprio dos indivíduos? Qual o problema que os prazeres possam conduzir eventualmente ao sofrimento? Não é próprio do mundo o movimento de agregação e desagregação?

Evidentemente não habitamos o mesmo mundo de Epicuro. O contexto político que parece ter influenciado seu pensamento é outro. Em verdade, a ideia das possibilidades existenciais foi alargada, havendo múltiplas possibilidades sendo afirmadas contemporaneamente. O indivíduo tem reconhecida sua capacidade de agir e recriar o mundo ao seu redor, tanto politicamente quanto em todos os demais âmbitos. Tudo parece nos indicar que temos plenas condições de assumirmos o papel de agentes no mundo, nos colocando como responsáveis do mundo em que habitamos e daquilo que somos. Isso nos convida a sermos protagonistas de nossa existência, definindo o que cabe ou não a esta a partir de nossas próprias experiências singulares com o mundo e com os outros.

Cabe a nós buscarmos ativamente aquilo que definimos como o sentido último de nossas vidas através de um habitar criativo no espaço. Que não apenas aceita o movimento de criação e recriação de todas as coisas, mas tenta se entregar a esse contínuo, exercendo a capacidade geradora de desvios como uma tarefa já dada para a experiência humana. Encarar os medos e sofrimentos que assolam a vida com a tranquilidade de que fazem parte de uma vida bem vivida e de que não são necessariamente permanentes. É sempre lembrar que tudo passa: tanto a mais plena felicidade quanto o mais terrível sofrimento.


5. Bibliografia:

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

EPICURO. Antologia de Textos de Epicuro. In: Epicuro, Lucrécio, Cícero, Sêneca Marco Aurélio. 3. ed., São Paulo: Abril Cultural, 1985. Coleção Os Pensadores.

JOYAU, E. Epicuro Antologia De Textos. In: Epicuro, Lucrécio, Cícero, Sêneca Marco Aurélio. 3. ed., São Paulo: Abril Cultural, 1985. Coleção Os Pensadores.

KOHAN, Walter Omar. A Filosofia e seu ensino como phármakon. Educ. rev., Curitiba, n. 46, p. 37-51, Dez. 2012.

LAERTIOS, Diógenes. Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Brasília: Editora da UnB, 2008.

REALE, G.; ANTÍSERI, D. História da Filosofia: Vol 1. Filosofia pagã antiga. São Paulo: Editora Paulus, 2004.

1O atomismo filosófico é a doutrina de Demócrito, Leucipo e Epicuro, sendo uma filosofia da natureza alternativa para a especulação sobre a realidade, tendo sido o principal instrumento da explicação mecânica do mundo. Os átomos (a + tomo: “não divisível”) diferem apenas pela forma e grandeza, unindo-se e desunindo-se no vácuo, determinando assim, o nascimento e a morte das coisas (ABBAGNANO, 2007).

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